DEUS (יהוה)
Para conduzir a leitura ao ponto focal do texto que é o amor "irrefutável" de Yahweh preciso, antes de tudo, falar sobre outros três atributos: a onipresença, onipotência e onisciência de deus. De forma bem direta e simples podemos tratar a ONIPRESENÇA como o atributo de "estar em todos os lugares ao mesmo tempo"; a ONIPOTÊNCIA como o atributo de "ter todo o poder, de ter poder infinito"; e ONISCIÊNCIA como o atributo de "conhecer todas as coisas, conhecimento ilimitado das coisas".
Tendo conhecimento desses atributos agora imagine deus diante do homem e da mulher os quais criara. Idealize o Jardim do Éden e todas as coisas que deus criou e ali colocou. Imagine a árvore e o fruto do conhecimento, a árvore cujo fruto deus proibiu que o homem e a mulher consumisse! Bem, deus em sua onisciência ele conhece todas as coisas, o passado, o presente e o futuro. Ele viu a serpente entrar no jardim antes mesmo que isto ocorresse. Ele sabia que ela ofereceria o fruto a mulher e que esta não somente comeria como também ofereceria o fruto ao homem. Deus sabia que ambos desobedeceriam antes mesmo de criar o homem. Deus sabia que o homem e a mulher que criara cairia, seria expulso do Jardim e que muitos pagariam por este erro. O deus bíblico sabia que, com a desobediência de Adão pessoas morreriam e iriam para o inferno (ver Romanos 5:12) que o mesmo criou para castigar aqueles que não seguissem seus parâmetros de conduta. Antes de criar o homem, Jeová sabia que muitos morreriam de fome, na guerra, de doenças. Mesmo assim, deus criou o homem e os culpou por tais desgraças. Mas imagine eu e você como pais e o nosso filho corre em direção a um precipício sem ter a noção da queda, da altura, de que se ele cair morrerá e eu, como pai, não intervenho, permito que o meu filho a quem digo amar continue correndo, caia e morra e, por fim, eu o culpo. Um ser inocente, sem discernimento do bem, do mal, da vida e da morte, alguém que eu gerei, que permiti correr em direção ao abismo mesmo sabendo que se continuasse, cairia e morreria.
O amor de deus está intimamento ligado ao seu próprio Eu. Um "amor" tão egocêntrico quanto o próprio deus. A justiça do mesmo é falha quando colocamos em análise um homem que, por exemplo, abusou de crianças e, em seu leito de morte aceita a Cristo como seu salvador e clama pelo sangue do cordeiro sobre sua vida e este sangue o limpará de todo o pecado levando-o a vida eterna, a salvação (1 João 1:7) e, uma das crianças abusadas por este homem salvo, chega na vida adulta, passa a não crer neste deus e nem em Cristo, não perdoa o homem que lhe fez mal porém vive uma vida bondosa e honesta diante dos homens, este irá para o inferno por não confessar a Cristo e negá-lo como seu salvador (Mateus 10:33) e não ter perdoado o homem que o estuprou (Mateus 5:44). Não importa o quão bom você é, se não se ajoelhar diante do ego de Jeová certamente será condenado ao inferno, assim como não importa o quão mau você foi durante sua vida, não importa se você estuprou, matou, roubou, mentiu, enganou, traiu... se no fim da sua vida você aceitar ao Cristo certamente serás salvo.
Imagine quantas crianças, jovens, adultos e velhos morrem por dia devido a violência, acidentes e catástrofes. Agora imagine essas pessoas que nasceram em uma cultura com padrões comportamentais e credos que não se enquadrem nos parâmetros do cristianismo. Imagine alguém que cresceu acreditando em vários deuses mas que vive na bondade e no amor. O inferno realmente parece ser justo para estas pessoas enquanto o céu é uma garantia para os que creem no filho de deus mesmo tendo levado uma vida mergulhada na ganância e no ódio? Questionar a soberania e o amor de deus é algo quase que impossível para os que tem nele a imagem perfeita da criação e da misericórdia. Questionar deus em todos os seus aspectos parece ser o maior dos pecados. Muitos morreram pelas mãos dos santos por se posicionar contra a imagem de deus e a irrefutabilidade da igreja e suas doutrinas. Muitos conseguiram enxergar a verdadeira imundícia por trás do simbolismo do sangue de Cristo, por trás da santidade pregada pelos representantes de deus, por trás do conservadorismo pregado pelos santos, muitos conseguem ver o verdadeiro mal por trás das pregações nas igrejas cristãs que nada mais são que maquiagem para esconder o que há de mais doentio no homem. Não é a toa que deus diz ao criar o homem: "Façamos o homem a nossa imagem e semelhança..." (Gênesis 1:26) herdando, assim, o egocentrismo e ganância daquele que o criou.
Finalizo este texto com uma frase de Sam Harris: "Qualquer deus que permita que crianças aos milhões sofram e morram desta maneira e que seus pais se lamentem desta forma, ou não consegue fazer nada para ajudá-los ou não se importa com eles. Ele é, por tanto, impotente ou mau."
by Heillel Sabalt